Quem sabe o sol quem sabe o ar Quem sabe o vento vai parar de soprar Quem sabe um dia as nuvens um dia desanuviar Quem sabe a fome, quem sabe a paz Quem sabe um dia tudo me satisfaz Quem sabe se é hoje o dia de desanuviar Quem sabe as trevas, quem sabe a luz Nem sempre é ouro aquilo que nos seduz Quem sabe se é hoje o dia de desanuviar Vai embora nuvem, vai embora e não vem mais Quem sabe tudo fica como está Quem sabe a música para de tocar Quem sabe se é hoje o dia de desanuviar Vai embora nuvem, vai embora e não vem mais
"Meu refrigerador não funciona!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!"
Eu não sei o que vocês acham, mas essa música, pra mim, sempre soou como uma crítica direta ao consumismo. É muita dolência, desespero e pranto, pra pouco caso, ou seja, por um "refrigerador que não funciona". Uma crítica, mais especificamente, portanto, à supervalorização das "coisas". E o comentário se faz, da maneira como é posto, com muito humor e surpresa. Isso é bem nítido pela pastichização deliberada do blues, exagerando nos melismas (numa aparente seriedade), que desembocam (e seguem) na frase bombástica: "meu refrigerador não funciona!!!!". Lembro que da primeira vez que ouvi a canção, senti aquele regozijo interno. "Putz, eles conseguiram". Inventividade musical, domínio técnico-histórico, humor, crítica, consciência, fruição. Musicalmente, aliás, é o tipo de faixa em que tudo da um show, teclados, baixo, bateria, trompete, canto, arranjo, "improviso"...
Agora, depois da experiência com Coline Serreau e a sua parábola alienígena, penso se tratar de algo bem ao estilo La Belle Verte, que usa, sabiamente, o humor para tratar de "assuntos sérios".
Quando eu me encontrava preso Na cela de uma cadeia Foi que vi pela primeira vez As tais fotografias Em que apareces inteira Porém lá não estavas nua E sim coberta de nuvens...
Terra! Terra! Por mais distante O errante navegante Quem jamais te esqueceria?...
Ninguém supõe a morena Dentro da estrela azulada Na vertigem do cinema Mando um abraço prá ti Pequenina como se eu fosse O saudoso poeta E fosses a Paraíba...
Terra! Terra! Por mais distante O errante navegante Quem jamais te esqueceria?...
Eu estou apaixonado Por uma menina terra Signo de elemento terra Do mar se diz terra à vista Terra para o pé firmeza Terra para a mão carícia Outros astros lhe são guia...
Terra! Terra! Por mais distante O errante navegante Quem jamais te esqueceria?...
Eu sou um leão de fogo Sem ti me consumiria A mim mesmo eternamente E de nada valeria Acontecer de eu ser gente E gente é outra alegria Diferente das estrelas...
Terra! Terra! Por mais distante O errante navegante Quem jamais te esqueceria?...
De onde nem tempo, nem espaço Que a força mãe dê coragem Prá gente te dar carinho Durante toda a viagem Que realizas do nada Através do qual carregas O nome da tua carne...
Terra! Terra! Por mais distante O errante navegante Quem jamais te esqueceria? Terra! Terra! Por mais distante O errante navegante Quem jamais te esqueceria? Terra! Terra! Por mais distante O errante navegante Quem jamais te esqueceria?...
Na sacada dos sobrados Da velha são Salvador Há lembranças de donzelas Do tempo do Imperador Tudo, tudo na Bahia Faz a gente querer bem A Bahia tem um jeito...
Terra! Terra! Por mais distante O errante navegante Quem jamais te esqueceria? Terra!
Passarim quis pousar, não deu, voou Porque o tiro partiu mas não pegou Passarinho, me conta, então me diz: Por que que eu também não fui feliz? Me diz o que eu faço da paixão? Que me devora o coração.. Que me devora o coração.. Que me maltrata o coração.. Que me maltrata o coração..
E o mato que é bom, o fogo queimou Cadê o fogo? A água apagou E cadê a água? O boi bebeu Cadê o amor? O gato comeu E a cinza se espalhou E a chuva carregou Cadê meu amor que o vento levou? (Passarim quis pousar, não deu, voou)
Passarim quis pousar, não deu, voou Porque o tiro feriu mas não matou Passarinho, me conta, então me diz: Por que que eu também não fui feliz? Cadê meu amor, minha canção? Que me alegrava o coração.. Que me alegrava o coração.. Que iluminava o coração.. Que iluminava a escuridão..
Cadê meu caminho? A água levou Cadê meu rastro? A chuva apagou E a minha casa? O rio carregou E o meu amor me abandonou Voou, voou, voou Voou, voou, voou E passou o tempo e o vento levou
Passarim quis pousar, não deu, voou Porque o tiro feriu mas não matou Passarinho, me conta então, me diz: Por que que eu também não fui feliz? Cadê meu amor, minha canção? Que me alegrava o coração.. Que me alegrava o coração.. Que iluminava o coração.. Que iluminava a escuridão.. E a luz da manhã? O dia queimou Cadê o dia? Envelheceu E a tarde caiu e o sol morreu E de repente escureceu E a lua, então, brilhou Depois sumiu no breu E ficou tão frio que amanheceu (Passarim quis pousar, não deu, voou) Passarim quis pousar não deu Voou, voou, voou, voou, voou
"Yes and how many times can a man turn his head Pretend that he just doesn't see?"
Blowin in the Wind
(Bob Dylan)
How many roads must a man walk down Before you can call him a man? How many seas must a white dove sail Before she can sleep in the sand? Yes and how many times must cannonballs fly Before they're forever banned?
The answer, my friend, is blowin' in the wind The answer is blowin' in the wind
Yes and how many years can a mountain exist Before it's washed to the seas (sea) Yes and how many years can some people exist Before they're allowed to be free? Yes and how many times can a man turn his head Pretend that he just doesn't see?
The answer, my friend, is blowin' in the wind The answer is blowin' in the wind
Yeah and how many times must a man look up Before he can see the sky? Yes and how many ears must one man have Before he can hear people cry? Yes and how many deaths will it take till he knows That too many people have died
The answer, my friend, is blowin' in the wind The answer is blowin' in the wind?
"Enquanto os homens Exercem seus podres poderes Morrer e matar de fome De raiva e de sede São tantas vezes Gestos naturais"
Podres Poderes
(Caetano Veloso)
Enquanto os homens exercem Seus podres poderes Motos e fuscas avançam Os sinais vermelhos E perdem os verdes Somos uns boçais...
Queria querer gritar Setecentas mil vezes Como são lindos Como são lindos os burgueses E os japoneses Mas tudo é muito mais...
Será que nunca faremos Senão confirmar A incompetência Da América católica Que sempre precisará De ridículos tiranos Será, será, que será? Que será, que será? Será que esta Minha estúpida retórica Terá que soar Terá que se ouvir Por mais zil anos...
Enquanto os homens exercem Seus podres poderes Índios e padres e bichas Negros e mulheres E adolescentes Fazem o carnaval...
Queria querer cantar Afinado com eles Silenciar em respeito Ao seu transe num êxtase Ser indecente Mas tudo é muito mau...
Ou então cada paisano E cada capataz Com sua burrice fará Jorrar sangue demais Nos pantanais, nas cidades Caatingas e nos gerais Será que apenas Os hermetismos pascoais E os tons, os mil tons Seus sons e seus dons geniais Nos salvam, nos salvarão Dessas trevas e nada mais...
Enquanto os homens exercem Seus podres poderes Morrer e matar de fome De raiva e de sede São tantas vezes Gestos naturais...
Eu quero aproximar O meu cantar vagabundo Daqueles que velam Pela alegria do mundo Indo e mais fundo Tins e bens e tais...
Será que nunca faremos Senão confirmar Na incompetência Da América católica Que sempre precisará De ridículos tiranos Será, será, que será? Que será, que será? Será que essa Minha estúpida retórica Terá que soar Terá que se ouvir Por mais zil anos...
Ou então cada paisano E cada capataz Com sua burrice fará Jorrar sangue demais Nos pantanais, nas cidades Caatingas e nos gerais...
Será que apenas Os hermetismos pascoais E os tons, os mil tons Seus sons e seus dons geniais Nos salvam, nos salvarão Dessas trevas e nada mais...
Enquanto os homens Exercem seus podres poderes Morrer e matar de fome De raiva e de sede São tantas vezes Gestos naturais Eu quero aproximar O meu cantar vagabundo Daqueles que velam Pela alegria do mundo...
Indo mais fundo Tins e bens e tais! Indo mais fundo Tins e bens e tais! Indo mais fundo Tins e bens e tais!
"Last night I had the strangest dream I ever dreamed before I dreamed the world had all agreed To put an end to war"
Last Night I Had A Strangest Dream
(Ed McCurdy)
Last night I had the strangest dream
I ever dreamed before
I dreamed the world had all agreed
To put an end to war
I dreamed I saw a mighty room
The room was filled with men
And the paper they were signing said
They'd never fight again
And when the papers all were signed
And a million copies made
They all joined hands and bowed their heads
And grateful prayers were prayed
And the people in the streets below
Were dancing round and round
And guns and swords and uniforms
Were scattered on the ground
Last night I had the strangest dream
I ever dreamed before
I dreamed the world had all agreed
To put an end to war
"You can shine your shoes And wear a suit You can comb your hair And look quite cute You can hide your face Behind a smile One thing you can't hide Is when you're crippled inside"
Crippled Inside
(John Lennon)
You can shine your shoes And wear a suit You can comb your hair And look quite cute You can hide your face Behind a smile One thing you can't hide Is when you're crippled inside You wear a mask And paint your face You can call yourself The human race You can wear a collar And a tie But the one thing you Can't hide is when you're Crippled inside Well now you know that your Cat has nine lives babe Nine loves to itself But you only got one And a dog life ain't no fun Mamma take a look outside. You can go to church And sing a hymn Judge me by the color Of my skin You can live a lie until you die One thing you can't hide Is when you're crippled inside.
Eu quero ter minha casa cheia de amigos bons Com bichos de toda maneira e com muito som Eu quero dezenas de filhos que saibam cantar Você na rede balançando, cantando pro nenê nanar Eu quero ter uma charrete como condução Eu quero respirar ar puro sem poluição Eu quero como os passarinhos aprender a cantar Um mundo de sorriso e flores A vida que eu quero levar Aí eu posso pegar minha viola e tocar o que eu quiser Á tarde levantar da rede pra tomar café Um dia vou ter tudo isso, ah se Deus quiser Vou encontrar a paz perfeita Com meu rancho, filhos e mulher
"And I find it kind of funny I find it kind of sad The dreams in which I'm dying Are the best I've ever had I find it hard to tell you 'Cause I find it hard to take When people run in circles It's a very, very Mad world, mad world Mad world, mad world..."
Mad World
(Tears For Fears)
All around me are familiar faces
Worn out places, worn out faces
Bright and early for their daily races
Going nowhere, going nowhere
And their tears are filling up their glasses
No expression, no expression
Hide my head I want to drown my sorrow
No tomorrow, no tomorrow
And I find it kind of funny
I find it kind of sad
The dreams in which I'm dying
Are the best I've ever had
I find it hard to tell you
'Cause I find it hard to take
When people run in circles
It's a very, very
Mad world, mad world
Mad world, mad world
Children waiting for the day they feel good
Happy birthday, happy birthday
Made to feel the way that every child should
Sit and listen, sit and listen
Went to school and I was very nervous
No one knew me, no one knew me
Now the teacher tell me what's my lesson
Look right through me, look right through me
And I find it kind of funny
I find it kind of sad
The dreams in which I'm dying
Are the best I've ever had
I find it hard to tell you
'Cause I find it hard to take
When people run in circles
It's a very, very
Mad world, mad world
Mad world, mad world
And I find it kind of funny
I find it kind of sad
The dreams in which I'm dying
Are the best I've ever had
I find it hard to tell you
'Cause I find it hard to take
When people run in circles
It's a very, very
Mad world, mad world
Halogean world
Mad world, mad world
Now when you climp,into your bed tonight. And when you lock and bolt the door. Just thing of those,out in the cold and dark, 'cause there's not enough love to go 'round.
And sympathy is what we need my friend, and sympathy is what we need. And sympathy is what we need my friend, 'cause there's not enough love to go 'round, no there's not enough love to go 'round.
Now half the world, hates the other half. And half the world,has all the food. And half the world, lies down and quietly starves, 'cause there's not enough love to go 'round
We're all playing in the same band There's enough guitars for you and me Stand beside your brother and take his hand Seems the times are changing finally
We're all playing in the same band Sing the song together and you'll see Let them know forever just where you stand People must be learning finally
And we're all playing in the same band We're all playing in the same band We're all playing in the same band
Oh, him, her, you and me Them and those, he and she And we and we
Him, her, you and me Them and those, he and she And we and we
We're all playing in the same band There's enough guitars for you and me Stand beside your brother and take his hand Seems the times are changing finally
Whoa, oh, oh And we're all playing in the same band We're all playing in the same band We're all playing in the same band
No sun will shine in my day today
(No sun will shine.)
The high yellow moon won't come out to play
(Won't come out to play.)
Darkness has covered my light (and has changed,)
And has changed my day into night
Now where is this love to be found, won't someone tell me?
'Cause life, sweet life, must be somewhere to be found, yeah
Instead of a concrete jungle where the livin' is hardest
Concrete jungle, oh man, you've got to do your best, yeah.
No chains around my feet, but I'm not free
I know I am bound here in captivity
And I've never known happiness, and I've never known sweetcaresses
Still, I be always laughing like a clown
Won't someone help me?
Cause, sweet life, I've, I've got to pick myself from off the ground, yeah
In this here concrete jungle,
I say, what do you got for me now?
Concrete jungle, oh, why won't you let me be now?
I said life, sweet life, must be somewhere to be found, yeah
Instead of a concrete jungle, illusion, confusion
Concreate jungle, yeah
Concrete jungle, you name it, we got it, concrete jungle now
"Mas ela ao mesmo tempo diz Que tudo vai mudar, Porque ela vai ser o que quis Inventando um lugar Onde a gente e a natureza feliz, Vivam sempre em comunhão E a tigresa possa mais do que o leão..."
Eu penso nessa frase, "E a tigresa possa mais do que o leão.", como a mudança de uma sociedade patriarcal para uma matriarcal. O que, pensamos, diminuiria muitas das atrocidades ridículas por aí, coisas que só uma boa dose de testosterona bruta podem inventar. Recomento o vídeo desse senhor aqui, Patch Adams, um "filosofo", acima de tudo.
Ps. Viajei na maionese?
Tigresa
(Caetano Veloso)
Uma tigresa de unhas Negras e íris cor de mel. Uma mulher, uma beleza Que me aconteceu. Esfregando a pele de ouro marrom Do seu corpo contra o meu Me falou que o mal é bom e o bem cruel.
Enquanto os pelos dessa Deusa tremem ao vento ateu, Ela me conta, sem certeza, Tudo o que viveu: Que gostava de política em mil Novecentos e sessenta e seis E hoje dança no Frenetic Dancin? Days.
Ela me conta que era atriz E trabalhou no Hair. Com alguns homens foi feliz, Com outros foi mulher. Que tem muito ódio no coração, Que tem dado muito amor, Espalhado muito prazer e muita dor.
Mas ela ao mesmo tempo diz Que tudo vai mudar, Porque ela vai ser o que quis Inventando um lugar Onde a gente e a natureza feliz, Vivam sempre em comunhão E a tigresa possa mais do que o leão.
As garras da felina Me marcaram o coração, Mas as besteiras de menina Que ela disse, não. E eu corri pra o violão num lamento E a manhã nasceu azul. Como é bom poder tocar um instrumento.
Embora a canção case muito bem com a temática do blog, Chico Buraque é confessadamente um não-ecologista. Contasse até que o compositor chegou a ouvir Passaredo saboreando uma nada ecológica carne de capivara. Dizer o que?
Passaredo
(Francis Hime e Chico Buarque)
Ei, pintassilgo Oi, pintaroxo Melro, uirapuru Ai, chega-e-vira Engole-vento Saíra, inhambu Foge asa-branca Vai, patativa Tordo, tuju, tuim Xô, tié-sangue Xô, tié-fogo Xô, rouxinol sem fim Some, coleiro Anda, trigueiro Te esconde colibri Voa, macuco Voa, viúva Utiariti Bico calado Toma cuidado Que o homem vem aí O homem vem aí O homem vem aí
Ei, quero-quero Oi, tico-tico Anum, pardal, chapim Xô, cotovia Xô, ave-fria Xô, pescador-martim Some, rolinha Anda, andorinha Te esconde, bem-te-vi Voa, bicudo Voa, sanhaço Vai, juriti Bico calado Muito cuidado Que o homem vem aí O homem vem aí O homem vem aí
"[...] a grande virtude do filme 'La Belle Verte" é apresentar essa gnóstica desconexão não como um fenômeno de reforma puramente íntimo, místico ou abstrato. A desconexão implica numa ação sociopolítica de quebra da ordem: a negação dos papéis sociais prescritos pela sociedade ao ponto de produzir anárquica contestação da hierarquia e desobediência civil."
FERREIRA, Wilson Roberto V.. Mitologia Ufológica e Gnosticismo na ficção científica francesa "La Belle Verte". Cinema Secreto: Cinegnose, 4 de maio de 2011.
A partir de hoje irei começar uma série de fotos aliadas a algumas críticas sobre o filme. As imagens são de um álbum especial sobre La Belle Verte e faram digitalizadas pelo nosso blog. Espero que gostem!
"I´m a hungry planet, I had the blueest seas All the people kept chopping down all my finest trees Poisening my oxygen, diggin´ in my skin
Takin´ more out of my earth than they´ll ever put back in"
Hungry Planet
(Ther Byrds)
I´m a hungry planet, I had a youthful face
They were in hurry to go to outer space
They needed bombs and tungsten, ore and iron too
So they climbed and they dug and they blew divided me right in two
I´m a hungry planet orbiting in the sky
The things they did to hurt me pass on by and by
Now here I am all alone, they never ever learn
Well I had to shake and quake and make their houses burn
I´m a hungry planet, I had the blueest seas
All the people kept chopping down all my finest trees
Poisening my oxygen, diggin´ in my skin
Takin´ more out of my earth than they´ll ever put back in
I´m a hungry planet
"We live in plastic rooms And plastic houses And plastic towns And even the sky is a plastic ceiling painted blue"
E encerramos nossa "tríade plástica" com esta canção da banda belga Wallace Collection. As outas duas "canções plásticas" foram Alles Plastik, do disco de Carlos Careqa e Fake Plastic Trees, do RadioHead. Lembrando que em La Belle Verte, comportamentos e objetos artificias ("plásticos") são a todo instante apresentados ao telespectador, daí a nossa obsessão com o tema. São a comida (a carne com hormônio), o ar (poluído e fétido), a água (que não corre mais em rios, e que tem um gosto estranho); a segurança do médico (no fundo, nunca soube fazer um parto), a amor de sua mulher ("prostituição legal"), o batom (para as pessoas serem "mais amadas").
Fly Me To The Earth
(Wallace Colection)
We live in plastic rooms
And plastic houses
And plastic towns
And even the sky is a plastic ceiling painted blue
The streets with plastic trees
Are so unreal, they bring you down
And it sounds so plastic when people say "How do you do?"
Fly me to the earth where the grass is green
And birds can be seen, that's paradise
Fly me to the earth where the flowers grow
And where the rivers flow, that's nice
We dress in plastic clothes,
We go in ... but where can we go?
Living in the sky is not living high
We leave the land behind explore the sky but wonder why
Oh some day we will turn to plastic and surely we will die
Fly me to the earth where the grass is green
And birds can be seen, that's paradise
Fly me to the earth where the flowers grow
And where the rivers flow, that's nice
Fly me to the earth where the grass is green
And birds can be seen, that's paradise
Fly me to the earth where the flowers grow
And where the rivers flow, that's nice
"I can hear all the cries of the city, No time for pity For a growing tree."
World Of Pain
Cream
Outside my window is a tree.
Outside my window is a tree.
There only for me.
And it stands in the gray of the city,
No time for pity for the tree or me.
There is a world of pain
In the falling rain
Around me.
Is there a reason for today?
Is there a reason for today?
Do you remember?
I can hear all the cries of the city,
No time for pity for a growing tree.
"As batatas frescas da prateleira Os ovos frescos da granja Os filés cheios de hormônio Super sucessos em disco O charme do velho Roberto Carlos O amor do marinheiros E o sorriso dos políticos
Tudo plástico Tudo plástico Plástico"
No filme, o que é retratado como plastico: O amor da mulher do médico. A segurança profissional do médico, baseada "no grito". O discurso político. A comida. O ar.
Alles Plastik
(C. Careqa, Volker Ludwig, P. Leminski, A. Távora, Madalena Petzl)
"Alles plastik
As ruas em que você anda O lugar em que você está A comida, o vestido, o salto do sapato A roupa que você leva
Bananas do Panamá Salada dos americanos As maçãs com cascas duras da África do sul
Tudo plástico Tudo plástico Plástico
Alles Plastik
As batatas frescas da prateleira Os ovos frescos da granja Os filés cheios de hormônio Super sucessos em disco O charme do velho Roberto Carlos O amor do marinheiros E o sorriso dos políticos
Tudo plástico Tudo plástico Plástico
Alles Plastik
O verão deste ano A pinga no bar A velha com os olhos loiros e os cabelos azuis Eu viajar pro polo norte no fundo profundo gelo e raspar um pouquinho
Quero até apostar, A merda, tudo plástico Tudo plástico Plástico
Democracia A, B, C, CIA, KGB, PDB, PCBeB
Você não vê Tudo plástico De A até Z Alles Plastic Até você, tudo plástico Plástico Plástico
"As folhas sabem procurar pelo sol E as raízes procurar, procurar Mas as pessoas na sala de jantar..."
Panis et circensis
(Caetano Veloso e Gilberto Gil)
Eu quis cantar
Minha canção iluminada de sol
Soltei os panos sobre os mastros no ar
Soltei os tigres e os leões nos quintais
Mas as pessoas na sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer
Mandei fazer
De puro aço luminoso um punhal
Para matar o meu amor e matei
Às cinco horas na avenida central
Mas as pessoas na sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer
Mandei plantar
Folhas de sonho no jardim do solar
As folhas sabem procurar pelo sol
E as raízes procurar, procurar
Mas as pessoas na sala de jantar
Essas pessoas na sala de jantar
São as pessoas da sala de jantar
Mas as pessoas na sala de jantar
São ocupadas em nascer e morrer
"Purificar o Subaé
Mandar os malditos embora
Dona d'água doce quem é?
Dourada rainha senhora
Amparo do Sergimirim
Rosário dos filtros da aquária
Dos rios que deságuam em mim
Nascente primária
Os riscos que corre essa gente morena
O horror de um progresso vazio
Matando os mariscos e os peixes do rio
Enchendo o meu canto
De raiva e de pena"
Como não lembrar da cena da mulher do médico com Mila. A extraterrestre, investigando a bolsa da moça, não consegue entender porque ela precisa passar batom nos lábios, para "ser amada". Seus filhos e seu marido não passam batom, e nem por isso deixam de ser amados. É uma lógica difícil de entender pra quem vem de fora. Fake Plastic Trees
(RadioHead)
"Her green plastic watering can For her fake Chinese rubber plant In the fake plastic earth That she bought from a rubber man In a town full of rubber plans To get rid of itself
It wears her out, it wears her out It wears her out, it wears her out
She lives with a broken man A cracked polystyrene man Who just crumbles and burns He used to do surgery For girls in the eighties But gravity always wins
It wears him out, it wears him out It wears him out, it wears him out
She looks like the real thing She tastes like the real thing My fake plastic love But I can't help the feeling I could blow through the ceiling If I just turn and run
It wears me out, it wears me out It wears me out, it wears me out
If I could be who you wanted If I could be who you wanted all the time
"...O céu já foi azul, mas agora é cinza E o que era verde aqui já não existe mais..."
Fábrica
(Renato Russo)
Nosso dia vai chegar, Teremos nossa vez. Não é pedir demais: Quero justiça, Quero trabalhar em paz. Não é muito o que lhe peço Eu quero um trabalho honesto Em vez de escravidão.
Deve haver algum lugar Onde o mais forte Não consegue escravizar Quem não tem chance.
De onde vem a indiferença Temperada a ferro e fogo? Quem guarda os portões da fábrica?
O céu já foi azul, mas agora é cinza E o que era verde aqui já não existe mais. Quem me dera acreditar Que não acontece nada
De tanto brincar com fogo, Que venha o fogo então.
"Aceite o desafio e provoque o desempate Desarme a armadilha e desmonte o disfarce Se afaste do abismo Faça do bom-senso a nova ordem..."
Desmontar os disfarces não seria exatamente o que o programa de desconexão faz? É comum as pessoas agirem de maneira que na verdade não corresponde ao que elas são ou ao que elas pensam. Isso geralmente se dá por imposição de uma cultura, onde sem perceber ficamos amarrados ao que não nos agrada. Vivemos por trás de uma máscara. O médico obstetra, por exemplo, com toda a sua pompa de grande profissional, após a desconexão acaba confessando que nunca soube fazer um parto. A moça, atendente da loga de doces, comprava a máscara social que lhe impunham e vendia doces estragados. Depois de ser desconectada, lembram o que ela fez com os quitutes? E a mulher do médico, coitada, sofria com o doutor. E só não separava por causa da conta bancária do esposo, "prostituição legal". Mais um disfarce.
Está certo que, inevitavelmente desempenhamos um papel social, no sentido de atuação mesmo. Como diz Prost "Nossa personalidade social é uma criação do pensamento alheio. " A vida, neste sentido, assemelha-se a um palco. E se não dá pra colar, há que se decorar algum texto:
"Um palco, a vida, e uma comédia; ou aprendes a dançar, deixando a sisudez de lado, ou lhe aguentarás as dores". (Paladas). Aí eu me pergunto, palco ou picadeiro? Lembrando uma máxima latina: Totus mundus agit histrionem (todo mundo banca o palhaço).
Mas nada disso importa. O problema mesmo é quando a máscara asfixia, aí o bicho pega! Quando a máscara engana e explora! Quando a máscara mata!! Quem já assistiu aquele documentário Corporatiom, sabe. Em nome de uma instituição tudo é possível. Enfim, eu não gosto muito de máscaras, nem a Coline Serreau, pelo visto.
Plantas Embaixo do Aquário
(Dado Villa-Lobos; Renato Russo)
Aceite o desafio e provoque o desempate Desarme a armadilha e desmonte o disfarce Se afaste do abismo Faça do bom-senso a nova ordem
Não deixe a guerra começar Não deixe a guerra começar Não deixe a guerra começar Não deixe a guerra começar
(dialogos em francês e inglês)
Não deixe a guerra começar Não deixe a guerra começar Não deixe a guerra começar Não deixe a guerra começar Não deixe a guerra começar Não deixe a guerra começar Não deixe a guerra começar Não deixe a guerra começar
Pense só um pouco Não há nada de novo Você vive insatisfeito e não confia em ninguém E não acredita em nada E agora é só cansaço e falta de vontade Mas faça do bom-senso a nova ordem
Não deixe a guerra começar Não deixe a guerra começar Não deixe a guerra começar
Paranoid Android (Colin Greenwood; Jonny Greenwood; Ed O'Brien; Phil Selway; Thom Yorke)
Please could you stop the noise, I'm trying to get some rest From all the unborn chicken voices in my head What's that...? (I may be paranoid, but not an android) What's that...? (I may be paranoid, but not an android)
When I am king, you will be first against the wall With your opinion which is of no consequence at all What's that...? (I may be paranoid, but no android) What's that...? (I may be paranoid, but no android)
Ambition makes you look pretty ugly Kicking and squealing gucci little piggy You don't remember You don't remember Why don't you remember my name? Off with his head, man Off with his head, man Why don't you remember my name? I guess he does....
Rain down, rain down Come on rain down on me From a great high From a great high...high... Rain down, rain down Come on rain down on me From a great high From a great high... high... Rain down, rain down Come on rain down on me
That's it, sir You're leaving The crackle of pigskin The dust and the screaming The yuppies networking The panic, the vomit The panic, the vomit God loves his children, God loves his children, yeah
"...Mais uma estrada asfaltada Sem flores não leva a nada Pra se ouvir cantar o galo Quanto tempo mais, cair do cavalo..."
"Quanto tempo mais?" pegunta a canção. Até quando vamos transformar florestas em deserto? Até quando vamos secar nossos corações de tudo quanto é bondade e compaixão (literalmente "sentir junto")? Será que não estamos caindo numa "armadilha do progresso", para citar um termo de Robert Wright. E a onda da petrificação planetária se aproxima. Será que vamos "cair do cavalo"? Creio que não. Até lá não existirão mais cavalos.
Quanto Tempo Mais
(Ivo Rodrigues; Paulo Leminski) Quanto tempo mais O povo vai ficar de boca aberta Quanto tempo faz Sonhando ver algemas abertas Ver apagado o fogo do dragão Que queima vidas com vapor de ambição Quanto tempo mais vamos lutar Por uma sorte maior
O cansaço arde na boca
Mais uma estrada asfaltada Sem flores, com taxas pagas Pra se ouvir cantar os pássaros Quanto tempo, ei, vamos esperar
Algo que venha do chão Ou que venha do ar Para nos salvar, quanto tempo mais Vou dizer Quanto tempo mais
Quanto tempo mais O povo vai ficar pra trás Filho sem pai Nessa guerra sem paz Ver apagado o fogo do patrão Que bebe vidas com sabor de limão quanto tempo mais vamos lutar Pela esculhambação
A saudade cai no coração
Mais uma estrada asfaltada Sem flores não leva a nada Pra se ouvir cantar o galo Quanto tempo mais, cair do cavalo
Mesmo que seja no chão Eu vou ter que voar Mesmo que eu venha pro chão Eu posso me levantar Não vão me ganhar, quanto tempo mais Vou dizer
Como não lembrar da cena do motorista, a grande cena do motorista, um grito de realidade atirado às faces da rua (e do motorista). Max diz: "Há as árvores acima de você, com folhas que se mexem com o vento. Já olhou para as árvores? Há a sua mulher, que é bela e que perde a juventude te cozinhando creme de cogumelos, enquanto você a trai. E os seus filhos com a pele macia e bela. Já agradeceu alguma vez na vida pela pele macia dos seus filhos? E há as vacas que te fazem leite, manteiga e queijo todos os dias, já disse "obrigado" às vacas?!!!
"...regressemos à natureza. A natureza tem a solução, dá-nos tudo o que precisamos, alimentos, roupas, casas, sapatos, amor, poesia, arte."
Trecho de entrevista concedida por Satish Kumar, que comenta, entre outras coisas, as crises econômicas, segundo ele apenas crises do dinheiro.
"Esta não é uma crise econômica, é uma crise do dinheiro. E o dinheiro é apenas uma ideia, um número no computador. Os realistas criaram este problema artificial e estão preocupados com a crise, voam pelo mundo, vão a Bruxelas, reúnem-se com banqueiros. Mas a terra continua a produzir alimentos, as oliveiras a dar azeite, as vacas a dar leite e os seres humanos não perderam as suas capacidades. Eu diria, regressemos à natureza. A natureza tem a solução, dá-nos tudo o que precisamos, alimentos, roupas, casas, sapatos, amor, poesia, arte."
"...O gado, coitado, nasceu foi marcado Aí vai condenado direto a charqueada Mas manda a poeira no rumo de Deus Berrando pra ele, dizendo pra Deus
'Deus, Deus, Deus, Deus, Deus, você fez'..."
Na "utopia" (prefiro pensar em "eutopia") labellevertiana conseguimos escapar da exploração animal, do especismo. Até quando vamos insistir desnecessariamente em tais práticas? Entre nossa sociedade coisas bizarras tornaram-se naturais como num passe de mágica: caça esportiva, pesca esportiva - tortura permitida a troco de um "puro" prazer, como se não houvessem outras formas de se liberar adrenalina - sem falar nas "exposições de cadáveres". Será mesmo Deus quem fez tudo isso?
Os homens de preto
(Paulo Ruschel)
Os homens de preto trazendo a boiada
Vem vindo, cantando, dando gargalhada
O bicho, coitado, não pensa, nem nada
Só vem pela estrada direito à charqueada
"Deus, Deus, Deus, Deus, Deus, você fez"
E os homens de preto trazendo a boiada
Vem vindo, cantando, dando gargalhada
"Deus, Deus, Deus, Deus, Deus, você fez"
Os homens de preto trazendo a boiada
Vem vindo cantando, dando gargalhada
E o bicho, coitado, não pensa, nem nada, só vem pela estrada
Vem berrando, vem berrando
O gado, coitado, nasceu foi marcado
E aí vai condenado na estrada berrando
a querência deixando e os homens malvados
empurrando e gritando
Toca boi, toca boi, toca boi, toca boi
Eh, toca boi, boi, boi, boi
Os homens de preto trazendo a boiada
Vem vindo cantando, dando gargalhada
Deus, Deus, Deus, Deus, Deus, você fez
O gado, coitado, nasceu foi marcado
Aí vai condenado direito a charqueada
Mas manda a poeira no rumo de Deus
Berrando pra Ele, dizendo pra Deus
"Deus, Deus, Deus, Deus, Deus, você fez"
Eh, Deus, eh Deus, você fez, você fez
E os homens de preto empurrando a boiada
Vem vindo, cantando, dando gargalhada
"...people chasing hours cannot laugh away the years..."
O eu lírico desse canção poderia ser facilmente um dos desconectados por Mila. Quem sabe o médico?
City-crazy
(Bridget St. John)
"I'm a little city-crazy – it is getting out of hand I need to change my rhythm for the rhythms of the land living in the city's grip I feel I lose control as she reaches for my body she is hoping for my soul
there's a wilderness of buildings that are swallowing the ground they tie us to their chaos and they try to drag us down people chasing hours cannot laugh away the years I'm bewildered by the city for she turns my fun to fear
I am tired of rushing nowhere - I've been dusty far too long I need to leave and go where I can feel that I belong I need to sleep on shingle - yes I wish to step in sand to move in time to tides and winds and things I understand"