quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Bibliografia comentada

BIBLIOGRAFIA CENTRAL:

*  ANSELMI, Michele. "La Terra? No grazie, mi rende nervosa". l'Unità, 4 de maio de 1997.
Michele Anselmi definitivamente não gostou muito do filme. Apesar disso, pôde fazer comentários bastantes lúcidos, apontando algumas intertextualidades entre La Belle Verte e outros filmes. Lembra da semelhança do filme de Serreau com O Planeta azul (Franco Piavoli, 1981), ambos ligados à natureza - atenção para o fato de que em italiano o título de La Belle Verde é Il pianeta verde (O planeta verde). O artigo também sugere uma analogia entre Belle Verte e Os visitantes (Jean-Marie Poiré, 1993). Em Os Visitantes temos duas figuras que fazem uma viagem no tempo, de 1123 à 1993, o que engendra diversos conflitos. Eu particularmente achei Os Visitantes bem menos crítico, atrelado muito mais à mímica dos personagens e à admiração pura e simples do “Mundo Novo”. A articulista também critica a falta de ironia com relação ao Planeta Verde, representado como uma lugar perfeito: “Coline Serreau se faz muito séria. E se tem razão em observar os costumes ambientais e alimentares dos terráqueos, querer-se-ia que se aplicasse também um pouco de ironia à utopia do Planeta Verde.” Por fim, Michele conclui: “Mas, francamente, Coline Serreau, atriz mediana e diretora espirituosa, já fez melhor no passado.”
Link para o texto: http://archiviostorico.unita.it/cgi-bin/highlightPdf.cgi?t=ebook&file=/golpdf/uni_1997_05.pdf/04SPE03A.pdf&query=serreau

*  CARFANTAN, Serge. La Belle Verte de Coline Serreau - sur le thème nature e culture. Philosophie et spiritualité, 2002.
Breve ensaio sobre o filme com algumas arguições de telespectadores ao final. Com análises inteligentes, abordando vários aspectos sociais. Aqui um trecho sobre a "desconexão":
"Na verdade, "desconectar", aqui quer dizer desligar um indivíduo de um sistema que o vampiriza, nutre e envenena ao mesmo tempo. Mas não o tira do real para submergi-lo em uma ilusão e, sim, liberta-o da ilusão de uma vida falsa e artificial e o reconecta ao real, ao sair da alucinação cotidiana. Desconectar não significa mergulhar num sonho, mas sair do pesadelo da vida cotidiana; viver verdadeiramente com uma lucidez mais refinada, uma sensibilidade mais viva, um amor mais verdadeiro e sincero. É regressar à natureza, uma vez que somos, da cabeça aos pés, um produto cultural, um tipo de máquina moderna alimentada pelo sistema social."
Link para o texto.

*  FERREIRA, Wilson Roberto V.. Mitologia Ufológica e Gnosticismo na ficção científica francesa "La Belle Verte". Cinema Secreto: Cinegnose, 4 de maio de 2011.
Chamou-me a atenção a relação feita entre Mila, a protagonista de Belle Verte, e o ser mitológico Sophia. Na tradição gnóstica, Sophia é uma figura feminina análoga à alma humana, mas que também encarna alguns aspectos femininos de Deus. De sua parte, Mila também apresenta certa hibridez, sendo uma mestiça, pois sua mãe era terráquea.
"[...] a grande virtude do filme "La Belle Verte" é apresentar essa gnóstica desconexão não como um fenômeno de reforma puramente íntimo, místico ou abstrato. A desconexão implica numa ação sociopolítica de quebra da ordem: a negação dos papéis sociais prescritos pela sociedade ao ponto de produzir anárquica contestação da hierarquia e desobediência civil." Link para o texto: http://cinegnose.blogspot.com.br/2011/05/mitologia-ufologica-e-gnosticismo-na.html

*  HORGUELIN, Thierry. La Belle Verte. 24 Images, nº 85, 1996-1997.
Link para o texto:
http://www.erudit.org/culture/images1058019/images1080729/23572ac.pdf

*  LAMOUR, Mathieu. La Belle Verte: un outil pour dessinir une renaissance [O Belo Verde: uma ferramente para desenhar o renascimento]. AgoraVox, 2012. Link: http://www.agoravox.fr/culture-loisirs/culture/article/la-belle-verte-un-outil-pour-113323
"Sob a forma de um conto filosófico, o filme aborda temas tão variados como anti-conformismo, ecologismo, decrescimento, feminismo, humanismo, pacifismo, valores sociais e também o repúdio a tecnologias nocivas, por meio do diálogo e de situações humorísticas."
"Através da visão de um visitante longínquo, nossas premissas são alegremente ameaçadas pela exposição de nosso quotidiano muitas vezes sem sentido. A habilidade da crítica está em usar a inocência e a incompreensão mais do que julgamentos e condenações. Isso confere ao filme uma série de situações cômicas, tão engraçadas quanto intrigantes: primeiro rimos, depois refletimos."

*  MANDOLINI, Carlo. La Belle Verte - Entre Hale-Bopp et Sirius. Critiques, nº 191, 1997.
Link para o texto:
O texto lembra que Serreau, com o filme, aborda, criticamente, muitos aspéctos de nossa sociedade: o fracasso humano, a ansiedade pos-moderna, a toxicidade. Predica, ao final, de que o século XXII só será possível se atentar à algumas demandas de câmbio social, sugeridas no filme.
"Pois, apesar do seu discurso ser bastante simples, gentil e divertido, La Belle Verte é a história de um fracasso, o fracasso da espécie humana."
"Serreau parece, na verdade, querer voltar às origens (isso é bem evidente nas primeiras cenas, muito interessantes, por sinal) para construir um novo paraíso para a humanidade."
http://www.erudit.org/culture/sequences1081634/sequences1142205/49317ac.pdf

*  MASTROIACOVO, Raffaella. Il Pianeta Verde. reVision, 1997.
O texto se inicia com uma resenha bastante completa do filme. Comenta-se o fato, que eu não havia percebido, de que o artifício de recarregamento com recém-nascidos também é uma espécie de programa, assim como o programa de desconexão, enviado junto com Mila em sua expedição a terra. Muito interessante a comparação com outros filmes de Serreau, detectando-se a recorrência da figura do personagem puro, imaculado, "assolutamente incontaminato", que vai atuar como motor de uma tomada de consciência sobre o absurdo e a hipocrisia. Em La Crise temos o mendigo, em Três solteirões e um bebê temos o próprio bebê, em Romeu e Julieta temos a senhora africana, que se mostra mais esperta que o seu patrão, homem de negócios. Em La Belle Verte temos Mila, claro. Por fim, a articulista compara o começo bucólico do filme à um certo estilo pasoliano e sugere que o final, dançante e circense, seja uma homenagem a Fellini, caro a desfechos movimentados. "À parte alguma ingenuidade e alguma banalidade, que mantêm a fé nos discursos programados, o filme se faz lembrar, de bom grado, graças à jocosa comicidade de muitas cenas e a total veracidade do assunto inicial: estamos num estágio evolutivo muito 'Terra Terra'."(Mastroiacovo)
Link para o texto: http://www.revisioncinema.com/ci_verde.htm

*  ROLLET, Brigitte. Coline Serreau. Manchester University Press, 1998.
Sobre a diretora como um todo. Biografia, catálogo de obras e análises. Ótimas reflexões sobre Belle Verte, apontando algumas intertextualidades com Voltaire (Cândido) e Rousseau (Emílio, Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens).

*  SCHILLACI, Fillippo. Il Pianeta Verde, quando il cinema guarda lontano [O Planeta Verde, quando o cinema enxerga longe]. Terra Nauta, 4 de fevereiro de 2010.
Muito bom artigo. Vai apontar alguns pontos bastante interessantes. Ele detecta, por exemplo, um rompimento de paradigma no que tange os filmes de ficção científica, acostumados a relacionar civilizações avançadas à tecnologia abundante, engenhosa e de presença constante: “Eles [os verdes], que traçam um impetuoso retrato de tudo o que é descrito em nossos livros de história como motivo de orgulho [...], são exatamente o contrário do estereótipo de civilização super-avançada que estávamos acostumados a ver em setenta anos de filmes de ficção científica”. Achei muito feliz também a observação de que o começo do filme faz uma fusão de olhares - humanos e não humanos - somados a água, terra, vegetação, numa evidencia de que estamos todos aparentados, formando um uno (tenho pra mim que o programa de desconexão busca, no geral, justamente nos “reconectar com o uno”). Uma ressalva que Schillaci faz é ao uso das faculdades paranormais, dando um tom demasiado inverossímil ao filme. De certa maneira ele tem razão. Mas o fato é que, se você for analisar, o uso das nossas faculdades mentais (sobretudo no ocidente) é extremamente limitado. Alguns sadhus e yogis da índia podem fazer coisas impressionantes, com treino mental, o que poderia simplificar muitos problemas hoje resolvidos através de instrumentos e remédios, como o controle da dor, do estresse, a auto-cura, para citar alguns exemplos. Todo mundo conhece o poder da fé, todo "médium" sabe que pode usar a fé de um fiel para lhe "curar" (geralmente apenas a dor é controlada), a medicina moderna admite não ter respostas para muitos desses casos, por que não estudar, à sério, tais fenômenos, e incluir essas técnicas ao nosso cotidiano? Poderíamos admitir até mesmo a telepatia, se houvessem mais estudos, silêncio e menos poluição de toda ordem. Telepatia é aquele tipo de coisa que todo mundo sabe que existe, em certo nível (baixo?), mas ninguém sabe como funciona exatamente. Por fim, o articulista comenta dois textos veiculados à época do lançamento de La Belle Verte, concluindo que: “Os jornalistas do planeta terra parecem alérgicos à ideia de uma humanidade 'suave' e 'livre da barbárie'. Coisa de maricas, obviamente; na barbárie, parecem sugerir, há certamente mais vigor, mais variedade, mais movimento.”
Link para o texto: http://www.terranauta.it/a1788/cultura_ecologica/il_pianeta_verde_quando_il_cinema_guarda_lontano.html

*  SERREAU, Coline. La belle Verte - scénario et postface de Coline Serreau. Actes Sud, 2009.
Livro com o roteiro do filme e posfácio de Coline. O posfácio fala da trajetória do filme, da dificuldade de arrecadar verba, do material teórico para montar os personagens etc. Vários trechos do roteiro original não foram para o filme, então podemos encontramos diálogos mais abrangentes. O livro acompanha um DVD (legendas em inglês) com muitos extras e com o trailer oficial.
Link para comprar: http://www.sosculture.net/56-dvd-la-belle-verte-9782742782901.html

*  YGREC. "La Belle Verte" - Retrouver sa nature [A bela verte - reencontre sua natureza]. Collection "De l'oeil à L'Être", 2009.
Breve apanhado sobre o filme. Faz um estudo de personagens e de algumas cenas pontuais. Também há uma entrevista com telespectadores.
Livro no google.
Conteúdo e links para comprar.

BIBLIOGRAFIA PERIFÉRICA:

*  HENRY, Thoureau. A desobediência civil, 1848.
Quando os "verdes" se recusaram a utilizar meios que lhes causassem danos, estavam praticando uma forma de desobediência. Este livro é um ensaio que trata de como discordar de padrões impostos e fixados, sociais e políticos, principalmente.
Você pode achá-lo na biblioteca mais próxima, ou em muitas fontes da internet.

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