terça-feira, 30 de outubro de 2012

Indústria e desperdício

"Os homens primeiro sentem o necessário, depois atentam para o útil, em seguida advertem o cômodo, mais adiante deleitam-se com o prazer, daí dissolvem-se no luxo, e finalmente enlouquecem dilapidando o substancial." (Vico via A. Bosi)
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Apesar de possuírem uma tecnologia avançadíssima, com direito a viagens inter-estelares e programas de desconexão, tais recursos entre os "verdes" são usados com comedimento. O uso da tecnologia é limitado, o mínimo necessário é investido para saciar necessidades básicas e fundamentais. Não se podem deixar, de todo, alguns utensílios de uso corrente, mas até mesmo o acesso ao fogo é restrito, utilizado uma vez ao ano para forjar facas. Antes o que havia era o que eles chamam de "era industrial", que se encerrou através de boicotes e de processos judiciais contra fabricantes de produtos nocivos aos seres humanos, animais e plantas: indústrias agro-alimentares, químicas, indústrias de tabaco e álcool, farmacêuticas, nucleares, arquitetos, muitos médicos e políticos que enriqueceram com isso. Na utilização da tecnologia o que impera é o bom-senso, são os objetivos comuns que devem ser levados em conta e não um objetivo individual, como antes se fazia, que proporcionava o enriquecimento de um número pequeno de indivíduos e corporações, através da "produção em massa de produtos inúteis", artificiais, tóxicos, de difícil absorção pela natureza, que quando descartados causam sérios danos ao meio ambiente. Para compensar o desprendimento tecnológico, a energia é direcionada ao devolvimento das potencialidade naturais do ser humano, como o fortalecimento do corpo, das faculdades mentais, dos sentidos. Mas sem tecnologia não há cinema, de onde podemos deduzir o caráter "anti-art" de La Belle Verte, corrente que tem bases já antigas, como o movimento situacionista Frances, encabeçado por Guy Debord, que, grosso modo, vai criticar justamente o "american way of life" alienante e consumista.

Júnior Vidal
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"Criaturas humanas! Vós, que cometeis
desnecessariamente erros inumeráveis,
ousais ser professores de tantas ciências!
Coisa nenhuma escapa à vossa diligência,
às vossas descobertas, mas há uma arte
que ainda não sabeis e que não perseguis:
é ensinar o bom-senso a quem carece dele."


(discurso de Teseu, da peça Hipólito, de Eurpipedes)


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Sobre boicotes e processos:

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